terça-feira, 8 de novembro de 2011

Porque reencarnamos?

FINALIDADES E JUSTIFICATIVAS



1. Expiação: O vocábulo expiação também é oriundo do latim, expiatione, e tem como significação o ato de expiar, isto é, castigo, penitência, cumprimento de pena. Todavia, sabemos que Deus não castiga ninguém e o sofrimento pelo qual estamos sendo infligidos é fruto dos nossos próprios erros. É bem verdade que a encarnação muitas vezes constitui um aprisionamento para o espírito e poderíamos comparar o planeta Terra, que ainda é um mundo de expiações e provas, a um grande presídio de almas, que padecem dos mais diversos problemas ligados às doenças, à miséria, à violência, etc. Porém, como podemos encontrar na apostila do Curso Básico de Espiritismo da Federação Espírita do Estado de São Paulo, tais sofrimentos, quando suportados com resignação, paciência e entendimento, apagam erros passados e purificam o espírito que assim vai, encarnação após encarnação, libertando-se das imperfeições da matéria. Muitas pessoas ainda ficam estupefatas quando afirmamos que o sofrimento se faz necessário para a correção das falhas que possuímos. Obviamente, as almas possuem a faculdade de se melhorarem sem as dores e dificuldades infligidas na encarnação, isto quando despertam para uma nova consciência de trabalho em prol da reforma íntima e amor ao próximo. Entretanto, é sabido que muitos desses espíritos ainda relutam em se despojar dos vícios e das más inclinações. Endurecidos e cegos pelo egoísmo e pela vaidade, não conseguem se libertar dos sentimentos que aviltam o homem e, por isso, carecem da expiação terrena para compreenderem melhor os desígnios de Deus. A expiação é, assim, a alavanca que move o espírito estacionário ao caminho da perfeição.



2. Prova: Entendemos aqui a acepção prova como sinônimo de aprendizado para o espírito. O Livro dos Espíritos nos ensina que, em sentido amplo, cada nova existência corporal é uma prova para o espírito. Prova não significa necessariamente sofrimento, como é o caso da expiação, mas sim a aquisição de novos conhecimentos em virtude de testes a que será submetido o espírito encarnado. Exemplificativamente, em uma nova existência o espírito encarnado estará sujeito a provas de paciência, de tolerância, de amor, de fé, de perseverança, entre outras, para que possa se depurar e adquirir mais virtudes. É a reforma íntima operando no espírito para que este possa um dia atingir a perfeição.



3. Missão: Também oriunda do latim, missione, possui o sentido de encargo, incumbência de realizar alguma coisa. Ora, todos os espíritos, ao encarnarem, possuem uma missão pré-estabelecida que, segundo os ensinamentos trazidos pelo Colégio Allan Kardec, da cidade de Sacramento, em Minas Gerais, podemos denominá-la de planejamento encarnatório. Os espíritos mais adiantados vislumbram quais as possibilidades mais favoráveis ao adiantamento do espírito e, antes deste encarnar, traçam um planejamento de toda a sua existência, desde o nascimento até o desencarne. A família que o receberá, as pessoas de sua convivência, o emprego, a escola, as escolhas e as opções que deverá fazer em sua encarnação. Tais missões, de modo geral, enquadram-se em papéis de maior ou menor intensidade, de acordo com a capacidade e a elevação do espírito reencarnante. Não podemos confundir a missão definida para cada espírito com a encarnação de espíritos missionários, que são avatares incumbidos de grandes realizações no planeta, como é o caso dos espíritos sublimes que nos trazem tantos ensinamentos de conduta moral e ética. É por isso que preferimos a palavra missão pelo vocábulo tarefa, pois nossas realizações ainda são pequenas diante da grande responsabilidade assumida por um espírito missionário. Mas, são essas pequenas tarefas que nos ajudarão a crescer moral e espiritualmente e que nos conduzirão ao reino de felicidade anunciado por Jesus.



4. Cooperação na Obra do Criador: Aprendemos no capítulo XI, item 24, da Gênese de Allan Kardec, que o trabalho inteligente realizado pelo espírito encarnado em seu proveito sobre a matéria, concorre para a transformação e o progresso material do globo em que habita; assim é que, progredindo ele mesmo, colabora na obra do Criador, de que é agente inconsciente. Todas as almas estão obrigadas a esta cooperação de que falta a codificação kardequiana. Além daquilo que temos a expiar, além das provas a que somos submetidos e além de cumprir fielmente a missão ou tarefa a que nos propomos, devemos colaborar com esta grande obra, que é o alcance da perfeição humana. Algumas almas mais preguiçosas poderiam esbravejar dizendo o seguinte: quer dizer então que, além de sofrer (expiação), ser submetido a testes (prova) e cumprir tarefas estipuladas em minha vida (missão), ainda devo ajudar a Deus? E a resposta é SIM. Obviamente que sim. Ninguém alcançará a perfeição sozinho. Ninguém estará plenamente feliz enquanto houver uma alma sequer sofrendo. A caridade trazida como o caminho para a salvação é a máxima cristã da mais pura beleza e veracidade. O capítulo XIII do Evangelho Segundo o Espiritismo contém pérolas de ensinamentos que trazem aos homens o real significado de uma existência: auxiliar ao próximo em suas carências sem ostentação. Eia a nossa verdadeira missão. A despeito da pergunta formulada acima, Jesus fatalmente nos responderia o que segue: se desejosos de atingires a perfeição, olhai primeiro para baixo de vós, e vereis quantos estão a sofrer e padecer das mais cruéis e inúmeras dificuldades da matéria. Auxiliai primeiro estes para serdes auxiliados depois. Trabalhando, sendo operosos e fazendo a nossa parte enquanto espíritos encarnados, estaremos dando a nossa parcela de contribuição, somos singelos operários a serviço do Grande Arquiteto do Universo.


5. Ajudar a Desenvolver a Inteligência: A encarnação também tem como escopo o desenvolvimento intelectual do espírito. Todavia, essa gama de conhecimentos que se adquire através das várias existências deve servir para conduzir as inteligências retardatárias ao Criador. Como nos ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo VII, a conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Se o meio onde o espírito habita lhe favorece o aprimoramento de seus conhecimentos, ele deverá reparti-lo com aqueles que não tiveram as mesmas condições e oportunidades. Por outro lado, cultura não é sinônimo de sabedoria. De nada adianta a alma acumular conhecimentos de toda espécie e não praticar o amor e a caridade em sua vida. Poderíamos comparar essa inteligência a um automóvel muitíssimo veloz e sofisticado, mas que não possui um hábil condutor: fatalmente se chocaria por não estar governado por mãos caridosas e amoráveis. Melhor seria possuir poucos recursos intelectivos, mas conduzindo os ditames da vida com bom senso e discernimento, auxiliando sempre aqueles menos afortunados do caminho.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Também se constitui como uma das finalidades da reencarnação o refazimento do corpo perispiritual. É cediço que o espírito desregrado, preso aos vícios e às paixões que envilecem o homem, ao desencarnarem, podem chegar a perder sua forma perispirítica. Assim como o suicida, que do mesmo modo compromete gravemente o seu corpo fluídico, é dada a oportunidade de uma nova existência tão somente para o restabelecimento desse corpo. Geralmente, essas encarnações se dão de forma compulsória, sem a aquiescência do espírito encarnante, mas a discussão mais detalhada sobre esse assunto implicaria em delongar mais o nosso trabalho, o que não é nosso objetivo.
Desejamos aqui apenas ressaltar a importância do conhecimento das finalidades da reencarnação para que possamos efetivamente aplicá-las em nossas vidas, em todas as suas nuances. Expiando nossas faltas, aprendendo com as provas a que somos submetidos, cumprindo rigorosamente a missão (tarefa) a que nos propomos na pátria espiritual, colaborando na grande obra da criação e desenvolvendo nossa inteligência, estaremos dando largos passos a caminho da evolução e, consequentemente, da nossa própria felicidade.
Que o bondoso Mestre Jesus possa nos amparar diante dessa caminhada, para que os fardos pesados se tornem mais leves e suportáveis em nossa atual existência.

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Esta é a 3a Parte do texto sobre Reencarnação.
Para ler a 1a Parte clique AQUI e para ler a 2a Parte clique AQUI.

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